sexta-feira, 2 de julho de 2010

“Anos Rebeldes”: audiovisual e também literária.


ROTEIRO CONSEGUE SER TÃO INTERESSANTE QUANTO A MINISSÉRIE


  “Existem as novelas e as novelas de Gilberto Braga”, declara Artur Xexéo no prefácio de “Anos Rebeldes – os bastidores da criação de uma minissérie”, de Gilberto Braga (Rocco). Como aponta Xexéo, as tramas do autor são personalíssimas e inconfundíveis. “Anos Rebeldes” traz a crônica de costumes da sociedade carioca e todos aqueles elementos que amamos em suas novelas, mas vai além ao retratar de modo assustadoramente realista uma importante página de nossa história: os conturbados e efervescentes anos 60. Quase 20 anos depois de sua exibição, a minissérie continua atual, ágil, cheia de frescor, enfim, uma obra que nunca envelhece. Desde às desventuras amorosas dos jovens Maria Lucia e João Alfredo (Malu Mader e Cássio Gabus Mendes) aos dilemas da bela e rica Heloísa (Claudia Abreu), a vida de todos é afetada pelas significativas mudanças de costumes da época e pelo repressivo regime político imposto pelo golpe militar de 64. Personagens inesquecíveis e atuações preciosas (como é bom ver Betty Lago linda, luminosa em sua estreia na TV fazendo drama). Mas seria injusto destacar alguém, já que todo o elenco está sensacional. E fica clara a sintonia do autor com Dennis Carvalho, perfeito na direção. Repleto de cenas bem feitas e emocionantes.



 Sim, amigos! Ando inebriado de “Anos Rebeldes”. A minissérie já tinha se transformado em um interessante romance pelas mãos de Flávio de Campos há anos atrás, mas a recente publicação é imbatível. Desde que comprei o livro não só não consigo parar de ler como também acompanhar a minissérie pelo DVD com o livro na mão, já que vem o roteiro completo da minissérie. Uma maravilha. E como se não bastasse, ainda vem sinopse completa, bem como todos os bilhetes do autor com indicação de cenas e recados para direção, elenco e técnica. Gilberto Braga ainda nos brinda com uma espécie de minibiografia (inspiradora), contando sua trajetória desde o início da carreira e informações detalhadíssimas da minissérie em suas três subdivisões: anos inocentes, anos rebeldes e anos de chumbo, inclusive da enorme repercussão em que foi exibida, que coincidiu com os protestos dos “cara-pintada” que lutavam pelo impeachment do presidente Collor em 92. O autor narra tudo de maneira crítica e transparente, mas sempre com muita delicadeza e carinho.

Impressiona a riqueza de detalhes do roteiro. Gilberto Braga foi meticuloso nas indicações de cenários, figurinos, rubricas de texto e, principalmente, nas indicações de músicas e dos clipes que pontuam toda a série, inclusive o tempo exato que dura cada sequência. Uma pérola. Parabéns a ele e aos roteiristas envolvidos. O livro prende a atenção tanto quanto na TV.


A minissérie, sabemos, é imperdível. Já faz parte há muito da lista dos grandes clássicos da nossa teledramaturgia. O livro é leitura obrigatória para amantes do gênero, sobretudo para os aspirantes à carreira de roteirista. Na conclusão, Gilberto ainda nos brinda com “Dicas para os iniciantes”. No final das contas, o livro acaba sendo muito mais do que simplesmente o texto de “Anos Rebeldes”. Mesmo caindo no clichê (mas como evitá-lo?), é uma verdadeira aula de roteiro, que vale muito mais do que muito curso por aí... Só temos a agradecer pela generosidade e torcer para novas publicações do gênero.
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Quizz sobre "Anos Rebeldes": http://www.quizyourfriends.com/take-quiz.php?id=1004180118491784&a=1 
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7 comentários:

Vicente disse...

Que coincidência, Vitor. Hoje mesmo estive com este livro nas mãos em uma passagem rápida por uma livraria aqui de Niterói, e fiquei simplesmente fascinado por ele. Não vejo a hora de poder comprá-lo. Mas já que vc tocou no assunto, uma questão sempre me intriga nessas adaptações de roteiros publicadas em livros: por que será que nelas as fontes utilizadas (principalmente nas rubricas) não respeitam os padrões dos roteiros originais? Já havia observado o mesmo na adaptação de "Presença de Anita" transformada em livro e agora com a de "Anos Rebeldes"... Estarei eu ficando defasado no assunto ou será uma questão gráfica mesmo?

TH disse...

Há um bom tempo não sou mais tanto "Gilberto Braga" no mundo das novelas. Talvez por ter, em seus últimos trabalhos repetido à exaustão seus clichês, sua "patota" de atores e praticamente reutilizado cenas de novelas antigas nas atuais. Eu diria que a técnica prevaleceu sobre a emoção em suas últimas tramas, no entanto seria insano negar a importância e genialidade de um mestre da teledramaturgia, entendedor do que funciona ou não nas novelas e seu ótimo dom de criar personagens de nuances tão refinados. Concordo com tudo escrito sobre de "Anos Rebeldes", um trabalho objetivo, sensível e com sonoplastia perfeita, de músicas sublinhando com grande sincronia o significado de suas cenas. Talvez, por ser um trabalho menos exaustivo, conseguimos achar o resultado das minisséries um trabalho melhor lapidado e sem manobras/guinadas estrambólicas as como inevitavelmente acontece em novelas. Gilberto deveria escrever mais minisséries. Ele se sente mais à vontade e consegue obter lucro com seu perfeccionismo!

Carlos Fernando disse...

Entre as duas excelentes minisséries do Gilberto Braga, “Anos Dourados” e “Anos Rebeldes”, fico com “Anos Rebeldes” disparado. As duas representam fases do Brasil, embora vista pelo ângulo do Rio de Janeiro, mas a segunda me toca muito mais por ser realisticamente verdadeira. Mesmo para quem conhece pouco desse mundo de teledramaturgia como eu, essas minisséries, por si só, representam o que o Gilberto é até hoje e, como você diz, são eternas.
Assistindo essas realizações pode-se deduzir o quanto pode ser rico o mundo dos autores, onde a realidade se mistura ao lúdico e ao idealizado. É fantástico perceber que podemos mostrar ao grande público os fatos como eles aconteceram, através da nossa escrita, conforme o nosso entendimento. Essa mistura da realidade, com a forma e a visão do autor, corroborada fortemente com o diretor e atores é que tornam totalmente palatáveis essas grandes obras.
Você, com sua sensibilidade e grande visão do todo, nos brindou com esse excelente post e nos mostrou/lembrou, através de sua visão, não só o resultado final (vídeo), mas comparativamente também pela leitura do roteiro original. Não preciso dizer que, escrever minisséries é o meu grande desejo. Acho esse mundo muito mais rico do que o de novelas e onde o autor pode verdadeiramente mostrar o seu valor. Parabéns!
(Tá difícil conseguir até dar uma olhada no livro, você não larga ele, mas logo vou fazer o que você tá fazendo. Assistir o vídeo lendo o livro. Muito bom isso. Dá para perceber diferenças sutis e outras nem tão sutis assim entre o lemos e o que vemos).

aladimiguel disse...

Olá Amigo
Anos Rebeldes marcou uma geração! Tudo nesta minissérie é perfeito...Malu,Cássio,trilha sonora, texto, enfim uma obra prima da nossa teledramaturgia, Eu tenho o box de dvds e sempre revejo alguns capítulos. Ah!não posso deixar de citar que nada é melhor do que o desempenho brilhante e inesquecível da Cláudia Abreu com sua alegre e guerreira Heloísa. Abração

Amanda Aouad disse...

Também estou lendo e encantada com o livro. Acabei os anos inocentes ontem. Dá vontade mesmo de ir conferir no DVD, vou fazer isso agora. hehe. Adoro Gilberto Braga (tanto que é meu objeto de mestrado), mas ele exagera, não? Reclamar da atuação da Cacau na primeira fase? É até um pecado, kkkk..

Também recomendo o livro.

bjs

Eddy disse...

Fiquei DOIDO por esse livro. Anos Rebeldes é uma das minhas minisséries prediletas. É um bálsamo assistir uma obra dessas. Tudo se encaixou. Uma sintonia rara de acontecer e difícil de se explicar.

Gostaria de abrir um parêntesis aqui e elogiar a atuação da Betty Lago. Muito antes de Abigail, ela já demonstrou do que era capaz na pele de Natália. Considero este o melhor trabalho dela na TV, por contrastar com os papéis cômicos que ela vem desempenhando desde então.

Duh Secco disse...

Já tive a chance de ler todo o roteiro de Anos Rebeldes, após baixar o mesmo em um extinto grupo do Yahoo, dedicado a roteiros de televisão. Uma preciosidade, sem dúvida. O que já era de se esperar né? Gilberto Braga é Gilberto Braga! Sem igual...

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