Por Wesley Vieira – Blogueiro convidado
O primeiro capítulo de uma novela, obviamente, é o chamariz para
toda a história que irá se desenrolar ao longo dos próximos meses. Quando bem amarrado,
fisga o telespectador de imediato. Alguns clichês são necessários para chamar a
atenção, como as cenas de ação e os amores à primeira vista. Também é essencial
um melhor acabamento estético para impressionar o público. Não necessariamente
um bom primeiro capítulo é sinal de novela boa, assim como um primeiro capítulo
ruim não é sinal de novela ruim. Aqui no Melão, listei 10 melhores primeiros
capítulos na minha humilde opinião. Claro que muitos excelentes ficaram de
fora, mas citarei apenas aqueles que eu vi e gostei.
Celebridade
– Primeiro capítulo exibido no dia 13/10/2003
Fama, inveja e
vingança eram os temas centrais dessa moderníssima trama de Gilberto Braga. Nesse
excelente primeiro capítulo, como sempre, a agilidade na apresentação das
tramas e personagens - marca registrada do autor: Considero esse primeiro
capítulo como uma espécie de prólogo para mostrar, logo de imediato, o que
seria a espinha dorsal da novela: as armações de Laura (Claudia Abreu) para
pegar o lugar de Maria Clara (Malu Mader) em um misto de inveja e vingança. Um
curioso recurso foi utilizado para “familiarizar” os personagens: na medida em
que eles iam aparecendo, a imagem congelava e seus nomes eram grafados na tela.
O capítulo, resumidamente, mostra as artimanhas de Laura para conseguir um
emprego de secretária na produtora de Maria Clara Diniz, famosa empresária do
mundo da música. Humilde, a jovem disputa uma vaga, mas não obtém êxito. Ela,
então, parte para o plano B: Marcos (Marcio Garcia) seqüestra Maria Clara e
Laura surge para defendê-la. O seqüestro, aliás, vira um acontecimento
televisivo, algo tipicamente hollywoodiano, afinal Maria Clara é uma
celebridade. Tiros, explosões, muitos flashes... E a promoter consegue escapar
do bandido. Em forma de agradecimento, Laura ganha o cargo de secretária. Um
brinde! Mas nesse primeiro capítulo, personagens como Darlene (Débora Secco) e
o bombeiro Vladimir (Marcelo Farias) também eram apresentados. Ela queria ser
famosa. Ele, o namorado, não. Por ironia do destino, é Vladimir quem salva
Maria Clara de uma explosão e por esse ato, ele será reconhecido. Outro
importante personagem é o arrogante jornalista Renato Mendes (Fábio Assunção)
disputando o seu alto ego com Maria Clara. O capítulo fecha com o prenúncio do
que viria pelos próximos capítulos: Laura e Maria Clara brindam pela
felicidade: “Você vai ter tudo o que sempre mereceu”, dispara a falsa boazinha.
Capítulo perfeito!
Tieta
– Primeiro capítulo exibido no dia 14/08/1989
Inesquecível novela
baseada no livro de Jorge Amado, “Tieta” arrebatou o público ao mostrar as
deliciosas histórias criadas pelo grande autor baiano. De forma simples, mas
interessante, os autores centralizaram o capítulo em Ascânio (Reginaldo Faria)
e seu retorno a Santana do Agreste. Após muitos anos vivendo no Rio, ele está
de volta e reencontra todos os amigos que deixara para trás. Seria óbvio
iniciar a novela justamente com a protagonista-título, porém o reencontro de
Ascânio com os amigos serviu para que eles contassem o que aconteceu com aquela
“cabritinha apetitosa”. Entra o flashback mostrando os assanhamentos de Tieta
envolta com os homens da cidade. Assim, o público já reconhece que sua irmã,
Perpétua, é a grande invejosa da história. É ela a responsável pelo flagrante
que o velho Zé Esteves (Sebastião Vasconcelos) dá em Tieta, no momento de
prazer com Lucas (Herson Capri). Quem não se lembra do “ypsilone duplo”? Diante
dos moradores da cidade, Zé Esteves dá uma surra na filha e a expulsa da
cidade. Ela jura que voltará para se vingar. A ação volta aos dias atuais e com
a morte do pai, Ascânio decide ficar de vez na cidade. Ele volta para o Rio e
se casa com Helena (Françoise Fourton), que opõe radicalmente à mudança. O
capítulo termina em Helena desesperada com a nova vida que Santana do Agreste
lhe reservará dali em diante.
Fera
Ferida – Primeiro capítulo exibido no dia 15/11/1993
Vingança, tema recorrente em muitas histórias,
também era o pilar principal desta trama baseada em histórias de Lima Barreto e
escrita pelo trio Aguinaldo Silva, Ana Maria Morethzon e Ricardo Linhares. Este
primeiro capítulo, forte e conciso, iniciava com Raimundo Flamel (Edson
Celulari) a caminho de Tubiacanga, sua cidade natal, de onde teve que fugir
quando ainda era criança. Gusmão (Ewerton de Castro), seu fiel escudeiro, ouve
a sua triste história e entra flashback, revelando a saga do rapaz. Seu pai, Feliciano
Mota da Costa (Tarcisio Meira), o prefeito, acredita que a cidade possui minas
de ouro e tendo o apoio dos companheiros poderosos, entre eles o Major Emiliano
Bentes (Lima Duarte), revela uma grande pepita de ouro para a população que
fica alvoroçada com o achado. Logo, ele convence o povo a entregar suas
economias para a construção de uma mineradora em Tubiacanga. No entanto, a
cidade é invadida por garimpeiros que souberam da notícia e quando Feliciano
volta da capital com o dinheiro do povo convertido em dólares, todos descobrem
que a pepita era falsa. Clímax. Feliciano é perseguido pelo povo e para piorar,
o dinheiro some misteriosamente. Além de mentiroso, todos o chamam de ladrão.
Encurralado, ele foge com a esposa e o filho numa canoa, mas é atingido por um
pistoleiro. Sua esposa também morre e Feliciano Júnior enterra os pais. Ele
jura se vingar de todos. Quase ao final do capítulo, a ação volta para a
atualidade e Raimundo Flamel faz mistério de seu retorno à cidade para
curiosidade dos poderosos que foram responsáveis pela derrocada de sua família.
Corpo
a Corpo – Primeiro capítulo exibido no dia 26/11/1984
A novela que contava
a história da mulher ambiciosa que faz pacto com o diabo para ascender
profissionalmente, teve um primeiro capítulo excelente e muito bem amarrado. Em
um tom bastante ágil, conhecemos os personagens principais, entre eles, Eloá
(Débora Duarte) que trabalha na Fraga Dantas como engenheira e tem aspirações
maiores que o marido Osmar (Antonio Fagundes). Por não ter sido escolhida para
ir ao Japão, inconscientemente, ela deseja a morte de todos da família e no
mesmo dia, descobre que a esposa de Alfredo Fraga Dantas (Hugo Carvana) morreu.
Uma sequência de tirar o fôlego é a enchente em Santa Catarina, fato que levará
Rafael (Lauro Corona), sua mãe e sua noiva ao Rio. A discreta aparição de
Tereza (Glória Menezes) revela que há algum mistério ao redor daquela mulher,
que, de forma suspeita, aborda Bia (Malu Mader) após o término da missa de
sétimo dia de sua mãe. Quando Cláudio (Marcos Paulo) sofre um espancamento, é
Tereza a escolhida para cuidar dele. O capítulo termina com Eloá em uma festa
conhecendo o suposto diabo – entrecho que vai permear toda novela.
Vereda
Tropical – Primeiro capítulo exibido no dia 23/07/1984
Sem dúvida, a minha
novela das sete preferida tinha que entrar nessa lista. Anárquico e
movimentado, o capítulo de estreia da primeira novela de Carlos Lombardi com
supervisão de Silvio de Abreu, teve todos os bons ingredientes para torná-lo
memorável. Cenas rápidas e divertidas deram o tom que seria característica principal
do folhetim. A novela começa no ano de 1976, em Belém do Pará, onde mora
Silvana (Lucélia Santos), uma simples operária que se apaixona por Vitor (Lauro
Corona), rapaz rebelde, filho do poderoso Oliva (Walmor Chagas). Como Vitor
gosta de se sentir livre, ele foge enquanto Silvana dá à luz na beira do cais.
Nesse momento, uma bonita sonoplastia de Ave Maria sobrepõe aos berros da
mocinha (esse recurso foi utilizado porque os censores não gostaram de ouvir os
gritos de Silvana. Os autores, então, prometeram inserir a música para que a
cena não fosse cortada). Desde então, Silvana vive fugindo do sogro e em 1984
ela está em João Pessoa onde mora com a avó e o filho, Zeca (Jonas Torres). Conhecemos
o atrapalhado Oliva e suas três filhas, entre elas, a ambiciosa Catarina
(Marieta Severo) e Verônica (Maria Zilda), femme fatale, que está na Espanha aproveitando
a vida e, de quebra, seduzindo os homens. Uma das melhores cenas é quando ela
provoca uma briga no cassino e consegue se livrar, linda e poderosa, do local. Claro,
o capítulo, também, apresenta Luca (Mario Gomes), o jogador de futebol correndo
atrás da sorte e se metendo em muitas confusões, principalmente com a feiosa
Clô (Regina Casé), filha do diretor do time, que descobre o romance e coloca os
capangas para pegá-lo. Ligando todos os núcleos, está a Vila dos Prazeres onde a
fábrica de perfumes CPP, de propriedade de Oliva, e a cantina italiana La
Tavola de Michele, comandada por Bina (Georgia Gomide), a mãe de Luca, estão
instaladas. Oliva consegue raptar o neto e o leva para São Paulo. Em ritmo de
muita ação, o capítulo fecha com Luca se livrando dos capangas.
Vale
Tudo – Primeiro capítulo exibido no dia 16/05/1988
Gilberto Braga é mestre em excelentes primeiros
capítulos. Ele sabe, como ninguém, mexer com todos os recursos folhetinescos
para fisgar o telespectador já no início de suas narrativas. Nessa célebre novela, o capítulo número um não
seria diferente. Poucos personagens foram apresentados nesse início.
Basicamente, o capítulo mostra Raquel (Regina Duarte) começando uma nova vida
ao lado da filha em Foz do Iguaçu, após uma separação traumática. Anos depois,
Maria de Fátima (Glória Pires), sua filha, é uma jovem ambiciosa, cansada da
vida modesta e com vergonha da mãe que trabalha como guia turística. Sonhando
com o Rio de Janeiro, ela conhece o modelo César Ribeiro (Carlos Alberto
Ricceli) e vê nele a chance para sair daquela vida. Na base das artimanhas,
Maria de Fátima consegue fazer figuração para uma sessão de foto e descobre que
César precisa de alguém que arrume um jeito para passar uns produtos pela
alfândega. É assim, que entra em pauta um importante debate sobre corrupção que
dará o tom à novela inteira. Salvador (Sebastião Vasconcelos) morre e deixa a
casa como herança para a neta. Nos minutos finais, Raquel descobre que a filha
vendeu o imóvel e levou todo o dinheiro. Um capítulo simples, mas deliciosamente
bem amarrado.
A
Gata Comeu – Primeiro capítulo exibido no dia 15/04/1985
Simplesmente Ivani
Ribeiro. E isso já diz muito. Ivani, uma das maiores novelistas da televisão
brasileira, prezava pela simplicidade e por isso mesmo arrasava. E A Gata Comeu
é um clássico do horário das 18 horas. O capítulo começava enquadrando o Pão de
Açúcar, localizado na Urca, bairro que centraliza a ação da novela. O professor
Fábio (Nuno Leal Maia), em sala de aula, cita o nome de todos os alunos que
irão participar de uma excursão com a lancha emprestada pelo importante
empresário, Horácio Penteado (Mauro Mendonça). É quando entra em cena, a linda
Jô Penteado (Cristiane Torloni) – ao som de “Só Pra o Vento”, música do Ritchie
- moça mimada que, por ironia do destino, sugere ao noivo um passeio na mesma
lancha no próximo feriado. Nesse ínterim, o impagável casal Gugu (Claudio
Correia e Castro) e Tetê (Marilu Bueno) aparece e já arrancam risadas dos
telespectadores. Tipos adoráveis que viviam às turras, eles são convidados a
participarem da mesma excursão e soltam um “Topo, Gugu!” que adotei pra minha
vida. Depois, descobrimos que Paula (Fátima Freire), a noiva de Fábio, trabalha
na agência de turismo que pertence a Horácio. Está amarrada a teia. Após uma
discussão com Jô, ela é demitida, mas tem a chance de participar da excursão
como convidada do noivo. Jô, que se tornou a sua arquiinimiga, a barra na
entrada do cais causando tremenda confusão. É nesse momento que Fábio e Jô se
conhecem e a antipatia é recíproca. O capítulo termina com o motor da lancha
explodindo em alto mar, gancho para os próximos capítulos, quando essa turma
ficaria perdida durante muitos capítulos em uma ilha deserta.
Louco
Amor – Primeiro capítulo exibido no dia 11/04/1983
Em uma narrativa bastante ousada para a época (e
incrivelmente inovadora, até, para os dias de hoje), Gilberto Braga utilizou o
recurso do “flashback dentro do flashback”, fazendo deste, um dos melhores
primeiros capítulos já exibidos (em minha opinião, claro). Já em tom de
flashback, a trama começa durante a festa de 17 anos de Patrícia (Bruna
Lombardi). Ali está o mocinho, Luiz Carlos (Fábio Junior), apaixonado pela
aniversariante, mas obrigado pela madrasta da moça a servir os convidados. A
partir daí, ele relembra os primeiros momentos de sua chegada à mansão de Edgar
Dumont (José Lewgoy), quando ainda era criança, passando para a descoberta do
amor até chegar ao primeiro clímax quando a malvada Renata (Teresa Rachel),
totalmente contra o relacionamento, pega o casal em flagrante. A ação volta
para festa. Luiz Carlos, humilhado, solta os cachorros em Renata e nos
convidados. Esta é, em minha opinião, uma das melhores cenas da teledramaturgia
brasileira. Impressionante. É esse fato que o separará de Patrícia. Fim do
epílogo. Nos “dias atuais”, o mocinho trabalha numa sapataria, vive longe da
mãe e está prestes a se formar em jornalismo. Também conhecemos Claudia (Glória
Pires), colega de classe de Luiz Carlos. Ela tem uma difícil relação com o
Alfredo (Fernando Torres), seu pai, que sensibilizado com a situação de Luiz, o
convida para dividir um quarto. Após seis anos longe do Brasil, Patrícia
retorna ao Brasil e Luiz Carlos invade a mansão, descobrindo que ela teve um
filho.
O
Astro – primeiro capítulo exibido no dia 12/07/2011
A ganhadora do Emmy
de melhor telenovela em 2012 também teve um capítulo de estréia exemplar. Nessa
versão baseada no antigo texto de Janete Clair (Ave Janete!), e escrita por
nosso amigo Alcides Nogueira, o Tide, e Geraldo Carneiro, muitas cenas de ação
e a apresentação corretíssima de todos os personagens, sobretudo do
protagonista Herculano Quintanilha (Rodrigo Lombardi). As primeiras cenas, em
flashback, o mostram em apuros na pequena cidade de Bom Jesus. Após dar um
golpe nos fieis da igreja, Herculano descobre que fora enganado pelo seu
companheiro, Neco (Humberto Martins). Sozinho, ele é perseguido por todos.
Impressiona a ferocidade dos populares. Muitos takes espetaculares dessa fuga e
de repente, a única solução é entrar na delegacia e pedir ajuda. Na cadeia, ele
conhece Ferragus (Francisco Cuoco), um homem misterioso, misto de mágico e
bruxo, que se torna o seu mentor. Aos poucos Herculano aprende todas as
técnicas com ele e após uma passagem de tempo, está livre. Agora ele se tornou
o Professor Astro e faz sucesso com shows de ilusionismo na casa de espetáculos
Kosmos. É lá que Amanda (Carolina Ferraz), procurando se distrair, o conhece e apesar
de negar, fica impressionada com seu desempenho. Conhecemos Marcio Hayalla
(Thiago Fragoso) tocando seu flugelhorn pelo
metrô e encantado pela beleza de Lili
(Aline Moraes). É no universo dessa mocinha que encontramos Neco, o mesmo mau
caráter que enganou Herculano no passado e agora está casado com a sua irmã. O
empresário Salomão Hayalla (Daniel Filho) está inaugurando um novo supermercado
ao lado de sua família, incluindo a esposa Clô (Regina Duarte) e seus irmãos
ambiciosos. É quando Márcio surge liderando uma multidão de pessoas pobres que
adentram o supermercado numa fúria avassaladora. Salomão fica irado e desconta
a sua raiva na esposa. Porém, o maior clímax desse irresistível capítulo
acontece no final, quando Marcio fica nu diante de todos os convidados na festa
preparada por sua mãe na mansão dos Hayalla. Escândalo!
Belíssima
- Primeiro capítulo exibido no dia 07/11/2005
A primeira cena dessa novela já me chamou a
atenção: uma linda modelo no topo de um prédio segurando a bandeira de São
Paulo. Tudo não passava de uma ousada e polêmica campanha de marketing pelos
principais pontos da grande Sampa para comemorar o jubileu da Belíssima. A ação
chamou a atenção da mídia e de grupos de protesto contrários com as “performances
indecentes” das modelos praticamente desnudas. O mais interessante foi
apresentar os personagens conforme uma sequencia da campanha rolava em locações
diferentes. E para dar um charme, um jornalista em off explicava o que estava
acontecendo. Conhecemos a protagonista Julia Assunção (Glória Pires) contrária
à campanha idealizada por sua avó, Bia Falcão (Fernanda Montenegro). O
noticiário na televisão, explicando a confusão pelas ruas de São Paulo, serviu
para apresentar os personagens mais a fundo, inclusive com a apresentação do
núcleo de Katina (Irene Ravache). Capítulo seguindo e vimos o misterioso André
(Marcelo Antony) cruzar o caminho de Cemil (Leopoldo Pacheco). E algumas cenas
depois, a trama vai para a Grécia onde Vitória (Claudia Abreu) e Pedro (Henri
Castelli) vivem felizes com a filha, longe dos despautérios de Bia, a tirana
que fora contra o relacionamento. Eles estão de casamento marcado e temem pela
aproximação da vilã. Julia descobre que a avó tem planos para destruir a
cerimônia e vai para a Grécia antes. O capítulo termina com Bia Falcão chegando
e ficando frente a frente com a neta disposta a tudo para impedir qualquer
plano que ela tenha em mente para acabar com a felicidade dos noivos. Um
capítulo forte, criativo e com tramas muito bem desenvolvidas.
O
Salvador da Pátria – Primeiro capítulo exibido no dia 09/01/1989
Uma das minhas novelas preferidas também teve um
primeiro capítulo excelente. Lauro César Muniz e Alcides Nogueira souberam
amarrar os núcleos e desenvolvê-los com cuidado de nos apresentar todos os
personagens e tramas principais. Primeiro take de um sol nascendo sobre a
plantação de laranja e surge o icônico Sassá Mutema (Lima Duarte) acordando e
indo para o trabalho com Off do locutor Juca Pirama (Luiz Gustavo) dando bom
dia para os trabalhadores do campo em seu programa “Meninos eu vi!”. Em
seguida, a linda Clotilde (Maitê Proença) está perdida pelas estradas a caminho
de Tangará e encontra o engenheiro Paulo (saudoso Marcos Paulo) que decide
ajudá-la. Ele é o elo para o núcleo da empresária Marina Cintra (Betty Faria) e
suas filhas. Enquanto isso, em sua rádio, Juca Pirama brada sobre as mazelas
políticas da cidade e os outros núcleos são apresentados. Na escola, Clotilde
se apresenta aos alunos e é nesse momento que nós, telespectadores, somos
brindados com a apresentação de Sassá, esse lindo personagem que conta toda a
sua trajetória de vida. Ele é convocado para arrumar o jardim da casa do
patrão, o deputado Severo Blanco (Francisco Cuoco), que descobrimos ser a
principal vítima dos comentários de Juca. Ele é casado, mas mantém um caso
amoroso com a ninfetinha, Marlene (Tássia Camargo). O radialista explora o caso
e sob as ameaças do pai da moça, Severo é instruído pela própria esposa a encontrar
um marido para a amante. Depois de uma tentativa frustrada, Gilda (Suzana
Vieira) tem a mirabolante ideia de mandar justamente o ingênuo Sassá para a
fazenda.
Cordel
Encantado – primeiro capítulo exibido no dia 11/04/2011
Cinema perde! Assim defino o primeiro capítulo
desse grande sucesso escrito pela dupla Thelma Guedes e Duca Rachid. Junção
perfeita dos elementos do cangaço e dos contos de fada, “Cordel Encantado”
começou, literalmente, já trazendo fogo para a telinha. Um cometa corta o céu e
cai no sertão nordestino na visão do profeta Miguezin (Matheus Nachtergaele).
Do chão, brota a flor de açucena, “a certeza de um novo tempo que o rei vai
trazer”. Imediatamente somos remetidos para o distante reino de Seráfia do
Norte, onde o Rei Augusto (Carmo Dalla Vechia) relata sobre essa mesma visão
que tivera na noite anterior. Amadeus (Zé Celso Martinez) revela que ele fará
uma viagem ao Brasil. Logo, o rei é informado que o exército de Seráfia do Sul
está invadindo o palácio sob o comando do Rei Teobaldo (Thiago Lacerda). Em
seguida, takes espetaculares de uma guerra entre os dois reinos. Definitivamente,
uma sequência fantástica que não deixa nada a dever para o cinema americano. Nesse
mesmo momento, a Rainha Cristina (Aline Morais) dá a luz a uma menina que
recebe o nome de Princesa Aurora. Seráfia do Norte vence a batalha e Teobaldo
morre após assinar um acordo que prevê o casamento entre seu filho Felipe e a
princesa para a união dos dois reinos. A Duquesa Ursula (Débora Bloch), a
grande vilã também é apresentada demonstrando muita inveja de Cristina. Após
descobrirem que há um tesouro perdido no nordeste brasileiro, eles decidem
embarcar e são alertados para os perigos do sertão, sobretudo pelo ataque dos
cangaceiros. Esse é o mote para ligar ao
drama do Capitão Herculano (Domingos Montaigner), o cangaceiro, rei do sertão
que deixa o filho Jesuíno aos cuidados do Coronel Januário (Reginaldo Faria). A
comitiva de Seráfia chega a Brogodó e é atacada pelos cangaceiros. A Rainha
Cristina sofre um atentado em armadilha engendrada pela Duquesa Úrsula e deixa
a filha aos cuidados do casal de sertanejos, Virtuosa (Ana Cecília Costa) e
Euzébio (Enrique Diaz). O tempo passa e Açucena (Bianca Bin) é uma linda jovem
apaixonada por Jesuíno (Cauã Raymond). Augusto sofre pelo desaparecimento da
filha, enquanto a duquesa comemora o fato de sua filha estar de casamento
marcado com o Príncipe Felipe (Jaime Matarazzo). No Brasil, Zenóbio (Guilherme
Fontes) encontra uma medalha de Santa Eudóxia e acredita que a princesa está
viva. Ele interrompe o casamento para dar a grande notícia para o rei. O
capítulo termina com o profeta Miguezin discursando como um louco que o rei
chegará. Perfeito!
____________
Wesley Vieira
é um dos blogueiros convidados mais frequentes do melão. Não por acaso, é
considerado o Editor-Chefe da Sucursal Minas deste blog.
Jornalista,
roteirista, noveleiro, blogueiro, dramaturgo, escritor... esse moço vai longe!
Chegou a sua vez! Melão quer saber: quais seus primeiros capítulos
de novela inesquecíveis?
LEIA TAMBÉM: